quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Homenagem a Amandio Soares louva a Cultura

A Assembleia Municipal promoveu a homenagem póstuma ao escritor cambrense, natural de São Pedro de Castelões, Amandio Soares, com a entrega de livros da sua autoria ao Município de Vale de Cambra. “O Rio Maravilhoso” e o “Canto da Saudade”, fazem assim, parte do espólio municipal e estão disponíveis para consulta na Biblioteca Municipal. A sessão solene de entrega, que decorreu no salão nobre dos Paços do Concelho, contou com a honrosa presença de Dom João Lavrador, Bispo Auxiliar do Porto.
O final desta tarde cultural, que reuniu uma adesão muito significativa de convidados, contou com a participação da Casa do Professor/Universidade Sénior e de Maria da Glória, que levou o Fado, a Canção da Saudade, aos Paços do Concelho. Tudo, em homenagem a Amandio Coutinho Corrêa Soares que nasceu, em 1884, no lugar de Quintã, freguesia de São Pedro de Castelões. Emigrado para o Brasil, Amandio Soares foi, no Rio de Janeiro, chefe da Estação da Estrada de Ferro do Corcovado, onde desempenhou o honroso cargo de responsável pela logística de transporte das peças para a construção do Cristo Redentor. E também foi no seu país de adoção que se destacou na Poesia, tendo escrito dois livros, que foram várias vezes editados e que ficaram esgotados, como as obras “Canto da Saudade” e “Rio Maravilhoso”. Estes livros também fazem parte do acervo da Biblioteca do Vaticano, oferecidos pessoalmente por Amandio Soares ao Cardeal Eugénio Pacelli (Papa Pio XII), quando este visitou o Corcovado em 1934. Décadas depois viria a falecer, mais concretamente em 1950.
“Evocar passo a passo, nome a nome, feito a feito, enfim valorizar e reconhecer os Cambrenses que de uma ou de outra forma se afirmaram, em Portugal e no mundo, e levaram o nome da sua, da nossa terra, aos quatro cantos do Planeta” é a missão do Município, tal como refriu no seu discurso, o Presidente da Câmara Municipal. José Pinheiro sublinhou que “todos os pequenos contributos são marcos preciosos para que se possa reescrever a história, para que se valorizem os feitos e se perpetue vincadamente aquilo que contribui “para conhecer o passado e para construir um melhor futuro”,
“Amândio Soares é um dos nossos, em que o sangue Valecambrense corria nas suas veias. Não de forma física mas espiritual, estava ligado a este lindo Vale florido, pois essa era a sua memória visual”, referiu ainda, destacando a doação dos livros deste ilustre cambrense por parte do seu neto Ney Deluiz, a quem se dirigiu finalizando: “esta doação é uma chancela de forte ligação da sua família a Vale de Cambra e eu enquanto legitimo representante deste concelho, sinto-me muito honrado por ter seu avô como um dos nossos, mas também agora ter Vossa Excelência entre nós e com uma responsabilidade acrescida de dizer que as obras de seu avô, além de estarem em muitas bibliotecas e em muitas casas, estão também no Vaticano e em Vale de Cambra”.
Rui Leite, Presidente da Assembleia Municipal de Vale de Cambra, promotora da iniciativa, o momento vivido com a entrega dos livros de Amandio Soares, na presença do Bispo Auxiliar do Porto, foi um momento único, que fomenta o “orgulho cambrense”.
“Do que ouvi, dos acontecimentos históricos que a vida de Amandio Soares transporta, tenho o dever de não os guardar para mim ou para um pequeno grupo, mas de os levar ao conhecimento de todos os nossos conterrâneos, na certeza que a partir de hoje, vão acontecer transformações na nossa vida, que nos vão aumentar o orgulho em ser Cambrenses”, referiu o Presidente da Assembleia Municipal.
Sobre Amandio Soares, o autarca não quis deixar de registar que “este momento, é para mim o momento em que já podemos falar da chegada, chegada como consequência da importância de uma partida, momento do balanço de uma vida de quem, autodidata, assume a responsabilidade do ramal do Corcovado e aí gere a subida dos elementos constitucionais, as pedras, para a edificação daquela maravilha, daquele monumento, daqueles braços bem abertos que parecem querer abraçar toda a humanidade, que chegam ao infinito e vão mais além e, lá do alto, onde se torna mais fácil o estimulo da nossa alma sensitiva, escreve pejado de melancolia que a saudade, que a nossa saudade carrega, sobre a edificação do monumento e do Rio maravilhoso que se espraia a seus pés”.
Com homenagem a um cambrense que participou na construção do Redentor, Rui Leite registou que “o Cristo Redentor do Corcovado para nós Cambrenses já não é mais o mesmo. Não podemos nem devemos calar a história, devemos isso sim dá-la a conhecer e desfrutar da alegria e do orgulho que sentimos, quando são os nossos conterrâneos que a protagonizam e a escrevem. Quantos Cambrenses têm histórias destas para contar? Quanto orgulho estas histórias nos provocam? Abençoada a terra que tais filhos põem no mundo, que tais filhos pare”.
A organização do evento, na pessoa de Rui Leite, Presidente da Assembleia, agradeceu por fim, a quem permitiu a sua concretização: “Um bem-haja à família na pessoa do seu neto Ney Deluiz. Ao Sr. Amandio Coutinho. Ao nosso Bispo, reverendíssimo Dom João Lavrador, o nosso obrigado pela disponibilidade imediata para estar connosco e como sempre por lançar sementes de esperança”.
Veja aqui todo o albúm de fotografias.

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